O Novo Testamento – podemos confiar nele?
Os livros da Bíblia são muito antigos. Como chegaram até nós? Quem os escreveu? São textos fiáveis?
Por comparação com outros textos da antiguidade, o Novo Testamento apresenta claras evidências da sua autenticidade histórica. Podemos estar certos de que nas suas páginas encontramos o Cristo verdadeiro e a fé cristã genuína.
Quem escreveu o novo testamento?
Testemunhas oculares, como Pedro, que presenciaram os factos e os narraram fielmente. Por isso, o apóstolo (na sua 2ª carta 1:16) afirma que o que escreve não são “fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade”.
Autores como Lucas, que se propôs narrar “os factos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram, desde o princípio”. Para tal, Lucas informou-se “minuciosamente de tudo desde o princípio”. E conclui: “Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” (Lucas 1: 2-4).
Isto significa que o Novo Testamento foi escrito muito cedo. O arqueólogo W. Albright escreveu que todo o Novo Testamento foi escrito “provavelmente entre 50 AD e 75 AD”.
Isto é, o Novo Testamento não foi redigido passados muitos anos sobre os factos, quando lendas fantasiosas poderiam começar a surgir, mas logo a seguir aos acontecimentos, quando muitas testemunhas estavam vivas e poderiam confirmar ou desmentir os factos narrados.
Autógrafos e cópias
Os textos originais são chamados autógrafos. É evidente que o tempo se encarregou, há muito, de os fazer desaparecer. O que chegou até nós são cópias dos originais; ou melhor, cópias de cópias… de cópias. Note-se que o mesmo sucedeu com todos os textos da Antiguidade.
No entanto, o caso do Novo Testamento é absolutamente singular, por três razões:
- Porque existem cópias (na tabela abaixo, “primeiras cópias”) muito mais próximas da data dos acontecimentos (na tabela, intervalo do original) do que qualquer outro texto antigo.
- Porque logo de inicio foram feitas imensas cópias, para distribuir pelas muitas igrejas nascentes.
- Porque começaram desde cedo a ser feitas traduções para o latim e outras línguas.
Isto faz com que hoje tenhamos uma quantidade de cópias e traduções antigas que supera as 25 000! Outros escritos antigos nem se aproximaram sequer deste número (ver coluna “nº de cópias). A vantagem de haver tantos documentos é que se pode fazer uma comparação sistemática entre eles e corrigir erros de cópia. Deste modo, chega-se a um texto que é uma reconstrução fiel do texto original. Este conjunto de informações dá-nos evidência bibliográfica mais que suficiente para confiar no NT.
Autor | Data da escrita | Primeiras cópias | Intervalo do original (anos) | Nº cópias |
Ilíada – Homero | 800 a.C. | c. 400 AD | 400 | 643 |
História – Heródoto | 488-428 a.C. | c. 900 AD | 1350 | 8 |
Platão | 400 a.C. | c. 900 AD | 1300 | 7 |
Guerras da Gália – César | 900 a.C. | c. 900 AD | 1000 | 10 |
Anais – Tácito | 100 | c. 1100 AD | 1000 | 20 |
História de Roma – Tito Lívio | 50 a.C – 17 AD | c. 900 AD | 900 | 20 |
Novo Testamento | 40-100 AD | 130 AD (completo 350 AD) | 30 – 130 | Mais de 5 000 (grego) 10 000 (latim) 9 300 (outras línguas) |
Nota: A descoberta do Codex Sinaiticus
Em 1844, o académico alemão Constantino Tischencorf estava em busca de manuscritos do Novo Testamento. Casualmente, reparou num cesto, cheio de páginas antigas, na biblioteca do mosteiro de Sta. Catarina, no Monte Sinai. A descoberta deixou o académico alemão em estado de choque: ele nunca tinha visto manuscritos tão antigos! Mas mais chocado ficou quando um monge lhe confessou que estavam a usar aquelas folhas velhas como combustível e que já tinham queimado dois cestos cheios daqueles velhos manuscritos.
Passados 15 anos, Tischencorf voltou ao mosteiro do Sinai, desta vez com o apoio das autoridades. Um monge mostrou-lhe (numa prateleira, misturados com copos e pratos) o restante do espólio valiosíssimo, que veio a ser conhecido como o Codex Sinaiticus, um dos mais antigos manuscritos completos do Novo Testamento.
Alguns especulam que poderá tratar-se de uma das 50 Bíblias que o imperador Constantino encomendou a Eusébio (no início do século IV). O Codex Sinaiticus tem sido de grande utilidade para a confirmação da exatidão do Novo Testamento.
Evidências internas e externas
O Novo Testamento passa portanto com distinção no primeiro teste, o da evidência bibliográfica. Vejamos agora outras evidências.
A evidência interna: tem a ver com: (1) a coerência dos relatos das testemunhas (são consistentes ou entram em contradição?); (2) os pormenores relativos a nomes de pessoas, localidades e eventos (estão verificados?); (3) dados provenientes de cartas pessoais ou dirigidas a grupos; etc.
Um exemplo: o livro dos Atos dos apóstolos contém múltiplas referências a lugares, personagens históricas e eventos. Se o livro não passasse de uma invenção, certamente seria de esperar que houvesse dados falsos ou, pelo menos, não confirmados. Pelo contrário, como refere o historiador Colin Hemer, estão identificados “84 factos nos últimos 16 capítulos de Atos que foram confirmados por pesquisa arqueológica”. Este tipo de confirmação verifica-se em muitas outras porções do texto bíblico.
A evidência externa: há documentos não bíblicos (incluindo não cristãos) que autenticam os escritos do Novo Testamento?
Sim, há cerca de 36 000 documentos, não bíblicos, que ao longo dos três primeiros séculos, citam o Novo Testamento. Bruce M. Metzger (1914 – 2007), conhecido especialista em crítica textual bíblica, afirmou que mesmo que se perdessem todas as cópias do Novo Testamento, seria possível reconstruí-lo na sua quase totalidade graças a esses documentos.
“Não existe nenhum documento do mundo antigo que tenha o testemunho de um conjunto de depoimentos textuais e históricos de tanta qualidade… Uma pessoa honesta não pode desconsiderá-los. O ceticismo relativo às credenciais históricas do Cristianismo tem uma base irracional.” C. Pinnock
A mensagem do Novo Testamento
O Novo Testamento (e a Bíblia no seu todo) está muito longe de ser um amontoado de lendas e mitos. Pelo contrário, é um conjunto de escritos cuja fiabilidade histórica e documental é hoje inquestionável.
Porque têm alguns dificuldade em aceitá-lo? Por causa da mensagem que encontramos nas suas páginas, que entra em choque com a nossa razão e preconceitos: que Deus veio à Terra e se fez homem, em Jesus de Nazaré, para ser nosso Salvador. Será possível?
Jesus, pois, operou (…) muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome.” João 20:30-31
Desafiamos-te a encontrares tu mesmo a resposta, com abertura de espírito, permitindo que o Deus vivo se revele a ti ao longo das páginas da Bíblia. Começa a ler um dos evangelhos e prossegue, deixando-te levar pelo sopro de Deus.